“Vinde a mim, todos que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve.” (Mt 11.28-30)
Segundo entendimento que legalismo é fidelidade ao governo constituído, o cuidado de respeitar as leis, um antigo pensador chinês disse sobre legalismo: "O legalismo, como filosofia política de sustentação do poder da lei, se baseia em três pilares: Código legal, método e legitimidade. Código legal são as leis escritas, e tornadas públicas; método é a tática do governante para gerir o Estado; e a legitimidade é a posição do governante". Próximo da filosofia chinesa está o legalismo religioso, suas leis, métodos e legitimidade, incluindo-se algumas doutrinas cristãs. Caso não sejam bem demarcados os limites da fronteira entre a fé cristã e as doutrinas religiosas, amplia-se o campo para o legalismo religioso. Como demarcar os limites entre fé cristã e legalismo religioso?
Todos nós buscamos crer corretamente para sermos salvos, libertos, curados, prósperos e tenhamos paz, porém, estando "presos" no comportamento religioso, a tendência é para o legalismo. O método legalista busca o controle da vida, ao invés de buscar promover a auto supervisão das pessoas. O método legalista cadência a fé, mas deveria estimular o discernimento. Por fim, o método legalista despoja, ao invés de promover o aprendizado e as experiências com o Senhor Jesus Cristo. A palavra de ordem no legalismo religioso é "aceitação", mas deveria ser "comprometimento". Começa-se, então, dar grande importância ao fazer coisas, ao invés da busca do comprometimento (relacionamento de comunhão com Deus). Em consequência, o fardo legalista torna-se pesado, difícil de suportar. Estando diante desse estado de coisas coloca-se a seguinte questão para reflexão: Será que estamos dispostos seguir Jesus (cristianismo)?
“Porque a lei foi dada por intermédio de Moisés; a graça e a verdade vieram por meio
de Jesus Cristo.” (Jo 1.17)
O cristão deve crer e obedecer a Jesus, segundo orientação da Bíblia Sagrada. Não segundo a nós mesmos, nossas vontades. O Novo Testamento compõe-se dos quatro evangelhos (biografias de Jesus) – 21 (vinte e uma) epístolas (paulinas e gerais) - constituindo o aprofundamento da doutrina da graça (Jesus Cristo) - o livro de Atos (A História da Igreja) e do Apocalipse (Livro profético). O evangelho de Mateus – escrito aos judeus, o evangelho de Marcos - escrito aos romanos, o evangelho de Lucas - escrito aos gregos, e o evangelho de João - escrito à Igreja. As cartas paulinas e gerais (epístolas), na prática é o aprofundamento da doutrina de Jesus Cristo, demarcando os limites da fronteira entre a fé cristã e o legalismo religioso.
“De maneira que a lei nos serviu de aio para nos conduzir a Cristo, a fim de que fôssemos
justificados pela fé.” (Gl 3.24)
Pergunta-se novamente, até onde estamos dispostos a seguir Jesus? As palavras de ordem do seguidor de Jesus são renúncia e abnegação. Renúncia significa deixar para trás os interesses próprios, e abnegação significa dedicação sacrificial. Ambas apontando para o altruísmo (abrir mão do “eu” em favor do interesse dos outros) - a prática do amor ágape. Portanto, abnegação e renúncia, as palavras de ordem na defesa da unidade da fé cristã, defesa da filiação em Cristo, defesa do lar cristão e as demais defesas necessárias. O erro fatal de algumas doutrinas cristãs é querer colocar suas leis, métodos e legitimidade, acima de Cristo. É graça transformada em fardo. O seguinte alerta ao partidarismo dos seguidores do legalismo, e seus fardos pesados: Jesus é o fiel da balança.
“Vinde a mim, todos que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a
vossa alma. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve.” (Mt 11.28-30)
O método de ensino de Jesus tem características ímpares que impressionam pela autoridade, clareza e originalidade. Com os recursos de comunicação disponíveis hoje, certamente a aplicação do método de Jesus faria discípulos mais compromissados. Certo de que os ensinamentos que suplantou costumes e cultura da época trariam bastante desconforto aos legalistas religiosos de hoje, segue uma reflexão sobre os principais traços característicos do método de ensino de Jesus.
“ Além de impressionar pela autoridade, clareza e originalidade, os ensinos de Jesus são desprovidos dos costumes e cultura da época, caracterizando e revelando a Divindade e o Senhorio de Jesus (Mt 7.28-29). Três elementos somam-se as características do método de ensino de Jesus: Conteúdo, transmissão de conhecimentos e riqueza de estilo. Conteúdo abrangendo grande variedade de ensinos: Sobre o Reino de Deus (Lc 17.20-21), sobre si mesmo (Lc 24. 44-48), sobre o Espírito Santo (Jo 16. 13-14), sobre a Adoração (Jo 4.21-24), sobre oração (Mt 6.5-8), sobre o pecado (Lc 17. 3-5), sobre a Igreja (Mt 21. 12-13), sobre os mandamentos (Mc 12.28-34), sobre a necessidade de perseverar (Mt 24. 3-14), sobre a volta de Jesus (Lc 21. 25-28), e tantos outros ensinamentos. Os ensinos são transmitidos segundo uma técnica baseada em renúncia, humildade e serviço, estimulando a mente dos discípulos a captar e reter os ensinamentos, para posterior aplicação. Outro elemento do método de Jesus é a riqueza de estilo, utilizando as figuras de linguagem dando extensão ao sentido dos textos. Exemplo das metáforas (Mt 5. 13-16) e parábolas. (Mt 13. 24-30) .” (Extraído do livro, Cristologia ao seu Alcance, 2010)
Pergunta-se novamente, até onde estamos dispostos a seguir a doutrina de Jesus, ou será que estamos numa zona de conforto entre a fé cristã e o legalismo religioso?
Somos justiça de Deus, em Cristo.
Manoel Lúcio da Silva Neto é mestre em Engenharia de Produção (Mídia e Conhecimento), e autor do livro, Cristologia ao seu Alcance, 2010.












