"Jesus ia crescendo em sabedoria, estatura e graça diante de Deus e dos homens."
(Lc 2.52)
Em parte, a Teoria das Necessidades Humanas de Abraham Maslow (1908-1970) explica a preferência pelo sistema de estratificação em classes sociais, característico das sociedades capitalistas abertas, EUA e Brasil, apesar das suas desigualdades. Nesse sistema não se compreende tratar de modo igual os desiguais, assim, o indivíduo que semear em estudos e talentos não terá tratamento idêntico ao que semear em outras direções, ou não semear. É a lei da semeadura, lei do mundo espiritual com aplicação no mundo social. Naturalmente, as pessoas que demandarem esforços na direção do ensino terão ascensão social determinada pelas suas qualidades, méritos e realizações profissionais. É a colheita
Entre as vantagens da estratificação em classes sociais, destaca-se a possibilidade da mobilidade social, mudança da posição do indivíduo: O “status” de uma pessoa (ou grupo). É fácil de entender: Estratificação social é a distribuição das pessoas ou grupos em camadas hierarquizadas da sociedade, observando que as necessidades e objetivos dos indivíduos demandam mudança de posição. Portanto, a mobilidade social é um movimento natural do ser humano. Exatamente nesse ponto, possibilidade de mobilidade social, é que fundamentamos a preferência pelo sistema de estratificação em classes sociais, o mais adequado às necessidades das sociedades modernas. O indivíduo é o elemento central do sistema.
Abraham Maslow (1908-1970) formulou uma teoria sobre motivação, conhecida por Hierarquia das Necessidades de Maslow. Segundo um processo dinâmico de integração dos fatores biológicos, psicológicos e sociais, Maslow estudou sobre a motivação, concluindo que as ações do ser humano é função das suas necessidades. Maslow percebeu uma certa ordem de prioridades entre as necessidades, e as classificou em cinco categorias: fisiológica, segurança, sociais, “status” e auto realização. Transportando essa teoria para o mundo espiritual verifica-se a veracidade das conclusões de Maslow, citando o exemplo da passagem bíblica da tentação de Jesus no deserto (Mt 4. 1-11). O Espírito Santo levou Jesus para o deserto a fim de ser tentado, e depois de jejuar quarenta dias e quarenta noites, Jesus teve fome.
”O tentador aproximou-se dele e disse: Se és o Filho de Deus, manda que estas
pedras se transformem em pães.”
(Mt 4.3)
“Se és o Filho de Deus?” Primeiro o tentador levantou dúvida sobre a identidade de Jesus. Depois vem a tentação ao nível da necessidade fisiológica (fome). Porém, a resposta de Jesus veio pela Palavra de Deus.
“Jesus respondeu: Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de
toda palavra que procede da boca de Deus.”
(Mt 4.4)
“Então o diabo o levou à Cidade Santa, colocou-o na parte mais alta do templo e lhe disse: Se és o Filho de Deus jaga-te daqui para baixo. Pois está escrito: Ele dará ordens a seus anjos a teu respeito e com as mãos eles o segurarão, para que você não tropece em alguma pedra.”
(Mt 4. 5-6)
“Se és o Filho de Deus?” Pela segunda vez o tentador levantou dúvida sobre a identidade de Jesus. Depois instigou-o a exaltar-se (elevação do ego), tentação ao nível da necessidade de “status”. Mas a resposta de Jesus veio pela Palavra de Deus.
“Jesus lhe respondeu: Também está escrito: Não ponha a prova o Senhor, o teu Deus.”
(Mt 4.7)
“Depois, o diabo o levou a um monte muito alto e mostrou-lhe todos os reinos do mundo e o seu resplendor. E lhe disse: Tudo isto te darei se te prostrares e me adorares.”
(Mt 4.8-9)
Na terceira vez o tentador instigou Jesus a buscar a glória do mundo, rejeitando a Deus (busca do poder). Tentação ao nível da necessidade de “status”. Porém, a resposta definitiva de Jesus veio pela Palavra de Deus.
“Jesus lhe disse: Retire-se, Satanás! Pois está escrito: Adore o Senhor, o seu Deus, e só a ele preste culto. Então o diabo o deixou, e os anjos vieram e o serviram.”
(Mt 4. 10-11)
Feito esse adendo no mundo espiritual explicando a veracidade da teoria motivacional de Maslow, voltamos a discussão da nossa preferência pela estratificação em classes sociais, comparando-o com outros sistemas. O tempo das castas; sistema de estratificação rígido e fechado em que a posição social do indivíduo era herdada dos seus ancestrais. Não era permitido à ascensão social, através das qualidades, méritos e realizações profissionais do indivíduo, então, imagine a opressão e as lutas de classes nas castas. Exemplo recente é o da Índia, até 1950. O sistema de castas foi abolido, mas perdura até hoje em algumas regiões daquele país.
O tempo medieval; comparando o sistema de estratificação em classes sociais com o feudalismo. Sistema composto por camadas sociais semifechadas, com estratificação estamental, o feudalismo apresentava alguns traços das castas, como a posição social herdada dos ancestrais. Em alguns casos, porém, era possível a ascensão social do indivíduo. Ainda que fosse difícil.
Além do sistema de estratificação em classes sociais, conclui-se que os demais parecem contrários à natureza humana, à satisfação das necessidades e objetivos de vida do ser humano. Pense comigo: O cristão tem a seu dispor a Bíblia Sagrada, manual de orientação, e temos no Brasil um sistema de estratificação social que permite a ascensão social pelas qualidades, méritos e realizações profissionais das pessoas. Portanto, é o momento de estabelecer seus objetivos – o que desejas alcançar? Pense com amplitude sobre os seus objetivos, mas cuidado com as tentações da vida, cuidado com a concupiscência da carne, concupiscência dos olhos e a soberba da vida. Cuidado com as dúvidas lançadas sobre a sua verdadeira identidade.
O modelo é Jesus. Jesus crescia e com o tempo tomava consciência da sua missão. Imagine os obstáculos que Jesus teve que transpor durante a jornada terrena. Esteja certo, se o tempo da primeira vinda de Jesus fosse hoje, o Evangelho seria ensinado e os objetivos alcançados. Afinal, Jesus é Deus. Jesus não está sujeito a sistemas, épocas ou coisa alguma, importando que a mensagem do Evangelho alcance a todas as pessoas, sejam das classes A, B, C... Vivemos no tempo da modernidade, o tempo do chicote e da foice passou. Portanto, faça sua parte, usando as armas de Deus.
O dono da obra é Jesus. A todos, os parabéns.
Somos justiça de Deus, em Cristo.
Manoel Lúcio da Silva Neto é mestre em Engenharia de Produção (Mídia e Conhecimento), e autor do livro Cristologia ao seu Alcance, 2010.